Mestrado Profissional
de Ensino em Ciências
Disciplina:
Tendências contemporâneas do Currículo
Aluna: Roseane de Souza Candido Irulegui
16 março de 2012
Nascem os “estudos sobre o currículo”: as teorias tradicionais
O termo curriculum com o sentido que hoje é utilizado tem seu
início em países europeus sob influencia da literatura educacional americana,
onde designa um campo especializado de estudo.
O campo de estudos de currículo surge, talvez em função da
institucionalização da educação de massas, nos Estados Unidos como um campo profissional especializado.
Em 1918, Bobbitt
escreve: The Curriculum, que marca o
estabelecimento do currículo como campo especializado de estudo. Num contexto
em que diferentes e particulares visões
econômicas,políticas e culturais nos Estados Unidos procuram moldar os objetivos e forma da educação em massa. A educação em
massa é então questionada sobre suas
finalidades: formar trabalhador especializado ou proporcionar uma educação
geral e acadêmica á população.
Surgem questionamentos sobre o que deve estar no centro do
ensino: saberes objetivos ou percepções subjetivas,.
Socialmente, qual deve ser
a finalidade da educação: ajustar o sujeito á sociedade tal qual ela é
ou prepará-lo para transformá-la, preparar o sujeito para a economia ou para a
democracia.
Bobbitt se
posiciona de forma conservadora, embira tendendo a transformar radicalmente o
sistema educacional. Propõe então o funcionamento da escola como o de uma
empresa comercial ou industrial. Seu modelo se volta para a economia e tem como
palavra-chave: eficiência.
Até o final do século XX, esta orientação dada por Bobbitt constrói uma das vertentes
dominantes na educação estadunidense.
Vertentes mais progressitas
concorrem com Bobbitt, dentre
elas a liderada por John Dewey,o
qual até mesmo antes, em 1902, de Bobbitt já
delineava a palavra currículo em seu livro:
The child and the curriculum. Neste referia a importância de se
considerar, no planejamento curricular, interesses e experiências de crianças e
jovens.
No entanto, tal proposta não tem a mesma influencia do que a
de Bobbitt, a qual parecia permitir à educação tornar-se mais científica. Tudo
o que se precisava era pesquisar e mapear quais as habilidades necessárias para
as diversas ocupações. Com este mapa organiza-se um currículo que permita sua
aprendizagem. Assim, a questão de currículo é entendida como uma questão de
organização, uma mecânica, caracterizando uma função burocrática de quem o
analisa. Surge então o conceito de “desenvolvimento curricular” até os anos 80.
Assim como na indústria, na educação também há a necessidade
de se estabelecerem padrões.
Em 1949, com Ralph Tyler, consolida-se o modelo de
currículo de Bobbitt e influencia diversos países por cerca de 40 anos.
Ralph Tyler admite
a filosofia e a
sociedade como possíveis fontes de objeto para o currículo, mas centra-se em
questões de organização e desenvolvimento.
Ainda o currículo é uma questão técnica, onde organização e
desenvolvimento de currículo devem contemplar:”1:quais objetivos educacionais
devem ser atingidos pela escola;2:quais experiências devem ser oferecidas para
alcançar objetivos; 3: como organizar de forma eficaz as experiências
educacionais; 4: como se tem certeza de que esses objetivos foram alcançados.
As perguntas
corespondem á divisão tradicional da atividade educacional: 1:currículo;
2 e 3: ensino e instrução; 4: avaliação
Ainda Tyler
considera 3 fontes nas quais se deve buscar os objetivos da educação:
§
Estudo sobre os próprios aprendizes;
§
Estudo sobre a vida contemporânea fora da
educação;( lembra uma continuidade ao modelo de Bobbitt)
§
Sugestões de especialistas de diferentes
disciplinas.
Ocorre então uma expansão do modelo de Bobbitt ao incluir
psicologia e disciplina acadêmica.
Neste sentido, as fontes geram uma série de objetivos, os
quais poderiam ser mutuamente contraditórios. Como solução, Tyler sugere a
submissão a duas espécies de” filtros”: filosofia social e educacional ( escola
esta comprometida) e psicologia da aprendizagem.
Ainda sim, é imperioso que os objetivos sejam definidos e
estabelecidos de forma clara.
A formulação do objetivo deve ser em termos de comportamento
explícito.
Nos Estados Unidos
nos anos 60, a orientação
comportamentalista é radicalizada como uma tendência tecnicista através de Robert Mager, no livro
Análise de objetivos,que influencia o Brasil nesta época.
Tanto modelos tecnocráticos
de Bobbitt e Tyler como
progressistas de Dewey constituem uma forma de reação ao currículo
clássico, humanista que havia dominado a educação secundária desde a sua
institucionalização.
O modelo clássico era
herdeiro do currículo das chamadas “artes liberais”, vindas da Antiguidade
clássica e estabelecida na educação universitária da Idade Média e
Renascimento, na forma dos trivium ( gramática, retórica e dialética)e quadrium (astronomia, geometria, música
e aritmética).
O modelo tecnocrático ataca o modelo humanista no que se
refere as habilidades e conhecimentos
que pouco serviriam de base para a preparação para o trabalho e vida
profissional.
O modelo progressista critica que o modelo humanista
não considera a psicologia infantil .
O currículo clássico
tem como foco a escolarização secundária, de acesso restrito á classe
dominante.
Com a democratização da escolarização secundária sobreveio o
fim do currículo humanista clássico.
O movimento de “reconceptualização do currículo” permitiu a contestação de modelos mais
tradicionais , tanto técnicos quanto progressistas de base psicológica ,mas
só teve início por volta da década de 70, nos Estados Unidos .
Resumo bem elaborado, registrando os aspectos mais importantes do texto. Senti falta de um fechamento...
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