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terça-feira, 10 de abril de 2012

Nascem os “estudos sobre o currículo”: as teorias tradicionais


Mestrado Profissional de Ensino em Ciências

Disciplina: Tendências contemporâneas do Currículo

Aluna: Roseane de Souza Candido Irulegui

16 março de 2012



Nascem os “estudos sobre o currículo”: as teorias tradicionais

O termo curriculum  com o sentido que hoje é utilizado tem seu início em países europeus sob influencia da literatura educacional americana, onde designa um campo especializado de estudo.  O campo de estudos de currículo surge, talvez em função da institucionalização da educação de massas, nos Estados Unidos  como um campo profissional especializado.

Em 1918, Bobbitt escreve: The Curriculum, que marca o estabelecimento do currículo como campo especializado de estudo.  Num contexto  em que diferentes e particulares visões  econômicas,políticas e culturais nos Estados Unidos  procuram moldar os objetivos e  forma da educação em massa. A educação em massa é então  questionada sobre suas finalidades: formar trabalhador especializado ou proporcionar uma educação geral e acadêmica á população.

Surgem questionamentos sobre o que deve estar no centro do ensino:  saberes objetivos ou  percepções subjetivas,.

Socialmente, qual deve ser  a finalidade da educação: ajustar o sujeito á sociedade tal qual ela é ou prepará-lo para transformá-la, preparar o sujeito para a economia ou para a democracia.

Bobbitt se posiciona de forma conservadora, embira tendendo a transformar radicalmente o sistema educacional. Propõe então o funcionamento da escola como o de uma empresa comercial ou industrial. Seu modelo se volta para a economia e tem como palavra-chave: eficiência.

Até o final do século XX, esta orientação dada por Bobbitt constrói uma das vertentes dominantes na educação estadunidense.

Vertentes mais progressitas  concorrem com Bobbitt, dentre elas a liderada por John Dewey,o qual  até mesmo antes, em 1902, de Bobbitt já delineava a palavra currículo em seu livro:  The child and the curriculum. Neste referia a importância de se considerar, no planejamento curricular, interesses e experiências de crianças e jovens.

No entanto, tal proposta não tem a mesma influencia do que a de Bobbitt, a qual parecia permitir à educação tornar-se mais científica. Tudo o que se precisava era pesquisar e mapear quais as habilidades necessárias para as diversas ocupações. Com este mapa organiza-se um currículo que permita sua aprendizagem. Assim, a questão de currículo é entendida como uma questão de organização, uma mecânica, caracterizando uma função burocrática de quem o analisa. Surge então o conceito de “desenvolvimento curricular” até os anos 80.

Assim como na indústria, na educação também há a necessidade de se estabelecerem padrões.

Em 1949, com  Ralph Tyler, consolida-se o modelo de currículo de Bobbitt e influencia diversos países por cerca de 40 anos.

Ralph Tyler admite a filosofia  e  a sociedade como possíveis fontes de objeto para o currículo, mas centra-se em questões de organização e desenvolvimento.

Ainda o currículo é uma questão técnica, onde organização e desenvolvimento de currículo devem contemplar:”1:quais objetivos educacionais devem ser atingidos pela escola;2:quais experiências devem ser oferecidas para alcançar objetivos; 3: como organizar de forma eficaz as experiências educacionais; 4: como se tem certeza de que esses objetivos foram alcançados.

As perguntas   corespondem á divisão tradicional da atividade educacional: 1:currículo; 2 e 3: ensino e instrução; 4: avaliação

Ainda Tyler considera 3 fontes nas quais se deve buscar os objetivos da educação:

§  Estudo sobre os próprios aprendizes;

§  Estudo sobre a vida contemporânea fora da educação;( lembra uma continuidade ao modelo de Bobbitt)

§  Sugestões de especialistas de diferentes disciplinas.



Ocorre então uma expansão do modelo de Bobbitt ao incluir psicologia e disciplina acadêmica.

Neste sentido, as fontes geram uma série de objetivos, os quais poderiam ser mutuamente contraditórios. Como solução, Tyler sugere a submissão a duas espécies de” filtros”: filosofia social e educacional ( escola esta comprometida) e psicologia da aprendizagem.

Ainda sim, é imperioso que os objetivos sejam definidos e estabelecidos de forma clara.

A formulação do objetivo deve ser em termos de comportamento explícito.

Nos  Estados Unidos nos anos 60,  a orientação comportamentalista é radicalizada como uma tendência tecnicista  através de Robert  Mager, no livro Análise de objetivos,que influencia o Brasil nesta época.

Tanto modelos tecnocráticos  de Bobbitt e Tyler como  progressistas de Dewey constituem uma forma de reação ao currículo clássico, humanista que havia dominado a educação secundária desde a sua institucionalização.

O modelo clássico  era herdeiro do currículo das chamadas “artes liberais”, vindas da Antiguidade clássica e estabelecida na educação universitária da Idade Média e Renascimento, na forma dos trivium  ( gramática, retórica e dialética)e quadrium (astronomia, geometria, música e aritmética).

O modelo tecnocrático ataca o modelo humanista no que se refere as habilidades e conhecimentos  que pouco serviriam de base para a preparação para o trabalho e vida profissional.

O modelo progressista critica que o modelo humanista não  considera a psicologia infantil .

O currículo clássico  tem como foco a escolarização secundária, de acesso restrito á classe dominante.

Com a democratização da escolarização secundária sobreveio o fim do currículo humanista clássico.

O movimento de “reconceptualização do currículo”  permitiu a contestação de modelos mais tradicionais , tanto técnicos quanto progressistas de base psicológica  ,mas  só teve início por volta da década de 70, nos Estados Unidos .










Um comentário:

  1. Resumo bem elaborado, registrando os aspectos mais importantes do texto. Senti falta de um fechamento...

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